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Zé Ramalho |
Hoje, trago para análise a canção “Cidadão”, que foi composta pelo poeta
baiano Lúcio Barbosa entre os anos de 1978 e 1979, e gravada pela primeira vez
pelo cantor Zé Geraldo em 1979, mas, a música, só veio a ganhar mais
notoriedade a partir do ano de 1992, quando foi gravada pelo cantor Zé Ramalho,
no álbum Frevoador.
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Zé Geraldo |
A
canção, que foi composta em homenagem a um tio de Lúcio Barbosa que era
pedreiro, fez grande sucesso, principalmente entre os operários, em especial
aqueles que se deslocaram das regiões mais pobres do país para a região sudeste
á procura de emprego.
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Lúcio Barbosa |
A
música traz a tona algumas das dificuldades sentidas na pele destes que se deslocavam
de suas terras em busca de melhores condições de vida. A primeira dificuldade
posta em cheque é a do trajeto até o local de trabalho, o que tornava a jornada
de trabalho ainda mais cansativa.
Outro
ponto apresentado é que, muitos dos prédios (públicos ou privados) que se
ajudava a construir, nas mais temíveis condições possíveis, depois de já
construído, os trabalhadores não poderiam ter acesso, e o único na qual conseguem
ter acesso é na igreja, daí, o Lúcio entra no campo religioso, assemelhando o
impedimento de acesso do trabalhador nas obras que já construiu com a atitude
de muitos de negarem a Cristo, que construiu o mundo, com todas as maravilhas
existentes e nos presenteou. Segue abaixo a letra da canção.
Tá
vendo aquele edifício, moço?
Ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição
Eram quatro condução
Duas pra ir, duas pra voltar
Ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição
Eram quatro condução
Duas pra ir, duas pra voltar
Hoje depois dele
pronto
Olho pra cima e fico tonto
Mas me vem um cidadão
E me diz, desconfiado
Tu tá aí admirado
Ou tá querendo roubar?
Olho pra cima e fico tonto
Mas me vem um cidadão
E me diz, desconfiado
Tu tá aí admirado
Ou tá querendo roubar?
Meu domingo tá
perdido
Vou pra casa entristecido
Dá vontade de beber
E pra aumentar meu tédio
Eu nem posso olhar pro prédio
Que eu ajudei a fazer
Vou pra casa entristecido
Dá vontade de beber
E pra aumentar meu tédio
Eu nem posso olhar pro prédio
Que eu ajudei a fazer
Tá vendo aquele
colégio, moço?
Eu também trabalhei lá
Lá eu quase me arrebento
Fiz a massa, pus cimento
Ajudei a rebocar
Eu também trabalhei lá
Lá eu quase me arrebento
Fiz a massa, pus cimento
Ajudei a rebocar
Minha filha
inocente
Vem pra mim toda contente
Pai, vou me matricular
Mas me diz um cidadão
Criança de pé no chão
Aqui não pode estudar
Vem pra mim toda contente
Pai, vou me matricular
Mas me diz um cidadão
Criança de pé no chão
Aqui não pode estudar
Essa dor doeu mais
forte
Por que é que eu deixei o norte?
Eu me pus a me dizer
Lá a seca castigava
Mas o pouco que eu plantava
Tinha direito a comer
Por que é que eu deixei o norte?
Eu me pus a me dizer
Lá a seca castigava
Mas o pouco que eu plantava
Tinha direito a comer
Tá vendo aquela
igreja, moço?
Onde o padre diz amém
Pus o sino e o badalo
Enchi minha mão de calo
Lá eu trabalhei também
Onde o padre diz amém
Pus o sino e o badalo
Enchi minha mão de calo
Lá eu trabalhei também
Lá foi que valeu a
pena
Tem quermesse, tem novena
E o padre me deixa entrar
Foi lá que Cristo me disse
Tem quermesse, tem novena
E o padre me deixa entrar
Foi lá que Cristo me disse
Rapaz deixe de
tolice
Não se deixe amedrontar
Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio, fiz a serra
Não deixei nada faltar
Não se deixe amedrontar
Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio, fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou
asa
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar
Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio, fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar
Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio, fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar
Referências Bibliográficas:
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